sexta-feira, 6 de março de 2009

Debate sobre Jornalismo - opinião

Três excelentes oradores, um óptimo auditório, bom material técnico e um público de quarenta interessantes e participativos membros da comunidade escolar. A receita para um óptimo debate organizado por professores dos cursos nocturnos que teve lugar ontem subordinado ao tema JORNALISMO ACTUAL: CULTURA, PODER ECONÓMICO E PODER POLÍTICO.
Iniciado com as intervenções de Sandra Monteiro (Directora do Monde diplomatique), António Loja Neves (jornalista do Público) e Diana Andringa (currículo extenso :p ->
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diana_Andringa ), o jornalismo foi contextualizado dos pontos de vista político, histórico, social, económico e cultural e o debate rondou vários subtemas. Em relação à conduta ética foram discutidos a conduta moral dos jornalistas, os princípios deontológicos pelos quais estes se regem, a objectividade, o direito à privacidade e alguns exemplos sobre casos reais. A sociedade de fast-information foi um tema muitíssimo falado: os problemas da falta de tempo para a assimilação de informação, da gradual perda de espaço do jornalismo na vida quotidiana d@s cidadãos e cidadãs em função das revistas cor-de-rosa e dos títulos sensacionalistas, da necessidade de adaptação do jornalismo à sociedade actual (e o confronto com a possibilidade de perda de qualidade), da nova oferta da informação “engole e cospe” e da relação do jornalismo com a as novas tecnologias, nomeadamente a Internet.
As questões sociais e a forma de organização da nossa sociedade foram várias vezes referidas como dificuldades. As relações hierárquicas entre jornalistas empregados e patrões são um obstáculo à liberdade de expressão e ao maior cumprimento de uma ética pessoal por parte de cada um dos trabalhadores. A precariedade, os pagamentos a recibo verde, a facilidade dos despedimentos e a enorme oferta de trabalho tornam-se factores terríveis para o desempenho da função pondo o jornalista numa posição em que, por vezes, tem de escolher entre ser despedido ou quebrar a sua conduta ética. São também estes problemas que proíbem uma maior pluralidade da informação - a base de uma sociedade democrática justa. Diana disse mesmo que é possível maior diversidade de pensamento e de escrita nos órgãos da comunicação social públicos do que nos privados, devido à diferença que há nos direitos dos trabalhadores.
Durante todo o debate pairou a questão da luta entre valores éticos e valores económicos e a certeza de que os jornalistas, “os Guardiães da Democracia”, são uma parte importante de uma vida em sociedade. Cabe a todos nós reflectir sobre estas questões e compreender de que maneira podemos mudar o pensamento da sociedade (a começar pelo nosso) para que a informação de qualidade e o jornalismo sejam mais valorizados.
Foram três horas de exposição e debate, mas quem fala por gosto não cansa – só fica com fome!

Desejos de bons debates,
Pedro Feijó

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