sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Exaltação Camoniana por Francisco Duarte

Exaltação Camoniana

Por Francisco Duarte

Pós Modernista e chega.

Viva o Camões! Viva! Sempre!

Apelo aos Camonianos e Camonianas de todas as idades, e orientações sexuais e aos comunistas e anarquistas, e aos socialistas e capitalistas, e às senhora da cantina, e ao senhor Braulio do Ginásio antigo que agora também há novo, aos professores tanto os bons como os maus, e à minha professora Lídia, e à senhora simpática que me diz o bom dia todos os dias, e ao chão e as paredes da nossa instituição, e aqueles que fumam e os que fumam sem fumarem, e ao professor Souto que publicou a minha prosa sem sequer me conhecer, e às tílias que vão deitar abaixo por cima do meu cadáver, e às outras plantas inclusive aquela que foi plantada o ano passado e a que ninguém liga nem faz abaixos assinados, e ao meu querido amigo Almada, que não morras nunca, e ao professor Saraiva que ia andando à pancada no outro dia e a malta defendia-o olá se defendia, e aos meus amigos que não me achem louco por mais louco que seja, e às gerações do Passado e do Futuro, especialmente as do Presente, e a todos aqueles que não me refiro, ainda que goste muito deles, sendo pessoas ou objectos. Esta exaltação é para vós, pelo menos para aqueles que sabem ler, para os outros desenharei mais tarde.

Não gostais todos do Lyceu Camões? Não vos sentis aqui em casa, mais do que vos sentis em casa quando chegais a vossa casa? Pois claro que sim! Eu costumava ser obrigado a ir para a escola e quando lá chegava, se não escapava, era um tédio excepcional. Mas no lyceu, ah o lyceu que agora é secundária como se as coisas deixassem de ser o que são só porque o sr ministro ou a sra ministra , que agora é doutora, lhe mudam a nomeação, aqui sinto-me feliz, respiro o ar e as alergias das minhas queridas e já referidas tílias, cada espirro é felicidade expelida. E somos tratados com gosto! Eu cá sou, pelo menos, e não sou nada de especial, nem ando com muito dinheiro, por isso deve ser mesmo das pessoas que são gentis. E a História! A História que se respira! Ainda no outro dia sentei-me num banco do ginásio velho ou antigo ou arcaico que é mais bonito, lá me sentei e pensei: aqui estiveram as nádegas do Vergílio Ferreira… respirei profundamente o ar cheio de serradura da cavalgadura que foi os meninos e meninas andarem a correr sobre madeira de há cem anos, e senti-me feliz.

Viva o Camões! Viva! Sempre!

Ser Camoniano é festejar sem dinheiro!

Ser Camoniano é ser feliz quando chove e quando faz sol e naqueles dias em que uma pessoa fica na dúvida, leva o chapéu e um agasalho e vai daí não chove mas uma pessoa já levou e depois já não dá para voltar atrás;

Ser Camoniano é apreciar as coisas velhas e podres e chamar-lhes rústicas;

Ser Camoniano é contestar o que está mal e às vezes o que está bem só para refilar;

Ser Camoniano é viver um sonho acordado;

Ser Camoniano é ser-se do Lyceu Camões e não da Arroio;

Ser Camoniano é escrever e pintar como ninguém, nem mesmo da António Arroio;

Ser Camoniano é amar, viver e sonhar de forma ímpar;

Ser Camoniano é olhar o céu e não ver limites;

Ser Camoniano é vestir-se bem e vestir-se mal e deixar andar, que os outros fechem os olhos;

Ser Camoniano é uma responsabilidade, um dever e um direito;

Ser Camoniano é ser feliz no local onde os outros choram;

Ser Camoniano é ver alguém cair, rir porque ora é difícil não o fazer, e ir lá logo ajudá-lo;

Ser Camoniano é ser aluno, professor, continuo, é ser a senhora simpática que me diz bom dia todos os dias, é ser as árvores e as plantas, é respirar o pólen das alergias, é defender o professor Saraiva com unhas e dentes e os outros também que não quero que o professor depois tenha problemas com os outros professores;

Ser Camoniano é ser-se antes, agora e sempre.

Ser Camoniano é sermos nós!

Ditos isto, meus irmãos, unidos pelo laço inquebrável que é pôr uma assinatura num papel de inscrição que vem de outra escola e depois perde-se pelo caminho mas depois encontra-se, que às vezes nem é nosso é do pai ou da mãe ou da avó, tende orgulho em ser do Camões, tende orgulho em ser quem sois, porque Camões há muitos…….

Lyceu Camões só há um, este nosso amado e mais nenhum!

Francisco Duarte, Pós Modernista e chega!

5 comentários:

  1. Bravo! Bravo!
    Esta "Exaltação Camoniana" diz-me muito.
    Talvez porque aí tenha passado três dos melhores anos que vivi, e hoje diga com enorme orgulho "Eu fui aluno do Lyceu de Camões".
    Vou guardar e partilhar, com os devidos créditos.

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  2. sou eu, quem é que havia de ser12 de dezembro de 2010 às 19:10

    Nunca na puta da tua vida vais saber o que é ser camoniano, nao fazes parte da geraçao old school faggot

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  3. bem, tu também não... tendo em conta que a escola tem cem anos por esta altura estarias morto ;)

    Obrigado "sou eu, quem é que havia de ser", os teus comentários dão uma pitada de comédia à nossa via ;)

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  4. Andei no Lyceu Camões e ao ler cada palavra vieram-me à cabeça muitos dos bons momentos que ai passei. Fiquei cheia de saudades e vontade de voltar, de ver todas as pessoas que faziam e fazem parte do lyceu. Acho que não teria sido tão feliz se tivesse andado noutra qualquer. Ter andado no Camões é um orgulho que guardo no meu coração e que nunca esquecerei.
    Ser camoniano não é para todos e apenas quem è( mesmo já não andado lá sempre será) sabe como é um verdadeiro orgulho.

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  5. Saudações Camonianas caro colega!
    Absolutamente genial, é tudo o que tenho a dizer...

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